quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Criações do designer sustentável Carlos alcantarino


Num jardim de inverno nos fundos do prédio número 66 da Rua Nascimento Silva, em Ipanema (quase em frente ao célebre endereço cantado por Tom Jobim e Vinicius de Moraes), fica o estúdio do designer Carlos Alcantarino. Ali, as peças expostas revelam o tipo de trabalho a que ele tem se dedicado nos últimos tempos. Ao lado de vasos de estanho, série que  ganhou prêmio internacional no fim dos anos 90, há castiçais de latas amassadas, ímãs de geladeira de tampinhas de refrigerante, poltrona de rejeitos de madeira e bandeja de placas de borracha reutilizada, entre outros produtos.

Pois é, Alcantarino é um cara ecologicamente correto, e seu nome virou referência quando o assunto é design sustentável. Além de produtos para lojas de Rio e São Paulo, como H.Stern Home, Duilio Sartori e Studio In, o paraense de 53 anos desenvolve projetos socioambientais Brasil afora, principalmente no Norte. Uma preocupação constante, ressalta ele, é tornar o design mais acessível a todos. O trabalho mais recente terminou no mês passado. Por três meses, ele frequentou cinco comunidades cariocas, coordenando o projeto Coleta Reciclagem, criado pela Coca-Cola. Com a ajuda de outros cinco designers, foram recrutadas artesãs nas favelas para bolar artigos usando apenas garrafas PET e de Tetra Pak.

Surgiram 28 produtos, entre cestos, porta-celulares e porta- guardanapos, agora vendidos no site da Rede Asta (www.asta.org.br). “O desafio é levar o consumidor a comprar. Não por caridade, mas porque achou bacana, porque desejou aquele objeto” diz ele, que vive desde 1982 no Rio, num apartamento também na Nascimento Silva, pertinho de seu estúdio.

Foi a partir de um convite do Sebrae, em 2004, que Alcantarino começou a se interessar por design sustentável. Naquele ano, ele partiu para Paragominas, uma cidade no Pará emblemática por causa da enorme devastação por que passou, para trabalhar com moveleiros da região e mudar o estilo das peças de madeira pesada fabricadas por lá. O resultado foram três coleções de móveis, batizadas de Paragominas, feitas apenas com sobras de madeira, que foram vendidas, na época, até na rede Tok&Stok. “Eles chegavam a usar três árvores para fazer uma única cama. Propus fazer móveis menos pesadões e aproveitar mais as sobras”, conta.


O mais festejado de todos os projetos teve início em 2007. O Cabanos, que recebeu o Prêmio Idea Brasil e o prêmio do Museu da Casa Brasileira, nasceu também no Pará, na cidade de Barbarena. Desta vez, Alcantarino ajudou uma cooperativa que trabalhava com o que era descartado da Albras, indústria de alumínio associada à mineradora Vale, a desenvolver 40 peças, entre utilitários e móveis infantis. Tudo feito com placas de borracha das correias que transportavam minério e embalagens de pínus.

Foi nessa época que ele criou o Centro de Design da Amazônia, que estabelece um elo entre pessoas talentosas e empresas, e bolou uma grande exposição dentro de uma balsa. A  mostra, chamada “Experiência design”, com curadoria do designer Jair de Souza, levou 21 mil pessoas a um barco ancorado por um mês no Porto de Belém. Eram cinco ambientes  diferentes, todos com peças de Alcantarino. Na última sala, crianças tinham contato com diversos materiais recicláveis e podiam tentar criar o que bem entendessem. “Foi realmente  a primeira vez que muitas daquelas pessoas tiveram contato com o design”, lembra. “Quando se nasce em Belém, você é engenheiro, advogado… Não existe a palavra designer.

Ele próprio se formou em Engenharia e veio para o Rio no início da década de 80 para fazer um mestrado na PUC. Chegou a trabalhar aqui como especialista em Geotecnia, até que um  amigo designer o chamou para abrir um escritório, em 1992. De lá para cá, não parou mais. O primeiro trabalho que chamou a atenção do mercado foi uma coleção de vasos de estanho, hoje à venda em diversas lojas da cidade. Com essas peças, em 2003, arrematou o alemão IF Design, um dos mais conceituados prêmios da área, e passou a atender pedidos de  arquitetos como Vicente Giffoni, Pedro Paranaguá e Caco Borges. Já desenhou muito móvel para a loja de Claudio Bernardes, o extinto Studio 999, na Barra, no fim dos anos 90, quando sustentabilidade era um conceito ainda embrionário por essas bandas. Hoje, acha que o Brasil está mais ligado em ecologia. “Estamos atrasados, sim, mas não parados”.


Homem Objeto

Você já imaginou como seria um homem objeto perfeito? Aposto que sim... Bem talvez você tenha pensado outra coisa... O fotógrafo espanhol David Blázquez resolveu mostrar que o homem tem muitas utilidades!Na sua exposição "Mobiliário Humano" os corpos masculinos viraram móveis e utensílios domésticos.

Por enquanto nós brasileiras teremos que esperar...


... Pra ver a exposição que foi inaugurada na galeria El Fotomata em Sevilha na Espanha.

Uma idéia bem interessante... um homem estante, ou sofá, tábua de passar... Literalmente homens objeto!


Resta saber se o fotógrafo na hora de criar as peças tão originais imaginou se os homens poderiam ser usados para outras funções ou em outros cômodos da casa!

Agora... como objeto de decoração ... tenho dúvidas ... o que seria melhor escolher???

Mobiliário e peças que fogem dos tamanhos convencionais estão em alta

Quase como se estivéssemos vendo uma parte do ambiente com uma lupa. Mobiliário e peças decorativas estão ganhando dimensões muito maiores (ou menores) do que o "normal". A graça da brincadeira está justamente em subverter a ordem convencional das coisas, usando, num ambiente, cachepôs mais altos que um sofá, um aparador que chama atenção pelas "pernas" compridas ou uma estante que só termina no teto.

A arquiteta Patrícia Fiúza é adepta da mistura de peças com volumes muito grandes ou muito pequenos em seus projetos. Isso não depende, diz ela, de o objetivo ser estético ou de suprir uma necessidade qualquer do ambiente. Numa sala de estar na Barra, por exemplo, ela usou cachepôs da Velha Bahia de 1,3m de altura, feitos de madeira de demolição:


- Este jogo faz a diferença no projeto, assim como acontece com a utilização de diferentes texturas.

Em uma sala de estar no Recreio, a dupla Cláudia Pimenta e Patrícia Franco lançou mão de uma luminária de piso da Rosa Kochen, com base de mármore de carrara e haste em arco, de aço inox. A peça mede quase dois metros de altura.


 
  
- Como a sala é muito ampla e tem um pé-direito alto, a luminária torna o espaço mais acolhedor - explica Claudia.

Dentro do mesmo espírito, a renomada designer Etel Carmona desenhou um aparador com "pernas" compridas - de 1,45m -, que mais parece um cavalete. Vendido no Rio apenas na Arquivo Contemporâneo, o móvel tem portas feitas de mosaicos de freijó.

- Estética, funcionalidade e ergonomia são fatores fundamentais. A peça reúne tudo isso, e ainda fica à altura dos olhos, permitindo que se veja de perto o trabalho de marcenaria - resume Etel.

Tal qual no famoso romance "Alice no país das maravilhas" (Lewis Carroll, 1865), a lógica do absurdo, uma característica dos sonhos, permeia a chapelaria feita pelos arquitetos Verônica Valle e Mateus Viana, para a 21 edição da Casa Cor Rio (que, às voltas com problemas de alvará, foi interditada pela prefeitura na semana passada). Um banco de madeira, de dois metros de altura, sustenta a poltrona mole (desencapada) do designer Sérgio Rodrigues. Nas paredes, quadros, objetos e peças de antiquário, a maioria em dimensões bem reduzidas. Ao lado de uma das paredes, um banquinho e várias lousas em miniatura chamam a atenção e remetem a recordações de infância.


- Nós apelidamos o espaço de "a chapelaria das maravilhas", pois é um lugar onde o chapéu de Magritte (pintor surrealista belga) e o chá de Alice podem conviver - explica Verônica.

Cavernas romanas inspiram adega

Na adega criada para a mesma mostra pelos arquitetos Carlos Murdoch, Georgia Montovani e Luciana Sodré, uma prateleira em formato curvo sobe da bancada até o teto. A inspiração, conta Murdoch, foram as minas subterrâneas (cavernas) de calcário utilizadas para blocos de construção, abandonadas pelos romanos - as primeiras "adegas" de que se tem conhecimento. Um conjunto de leds muda de cor, acentuando diferentes colorações na estante.

- Cavernas não têm parede nem teto. Esse foi o conceito que usamos como base. Por isso, a estante é tão atual - conta Murdoch. - Nosso ambiente também é bem-humorado.

O uso do branco no espaço permite que apreciadores de vinho enxerguem sua coloração sem interferências.


Construção em Vargem Grande leva de dormentes de trem a para-brisa de carro

Imagine uma casa praticamente toda feita de material reaproveitado, com elementos inusitados: para-brisa de carro velho como janelas e uma cabeceira de cama de ferro como guarda-corpo de um mezanino. Agora abra os olhos e veja as fotos desta página, que ilustram a tal construção. Ela existe, sim, em Vargem Grande, e pertence ao escultor Gutto Barros.
Feita segundo os preceitos da bioconstrução – a preocupação ecológica está presente desde a concepção até a ocupação do imóvel -, a residência do artista foi erguida basicamente com material que iria para o lixo: portas e janelas antigas; troncos de casuarinas mortas e até velhos dormentes de trem (esteios de madeira, que ficam debaixo dos trilhos).
Parte da madeira usada na casa (peroba rosa, hoje em extinção) provém de um tradicional hotel em Engenheiro Passos (RJ) e foi doada ao artista por uma amiga, após uma enxurrada que derrubou galinheiros dos anos 50, feitos do madeirame.
- Os amigos sabiam que eu estava fazendo a casa e que capto resíduos, então doaram coisas que iriam jogar fora – conta Barros, que trabalha há 22 anos com material reutilizado, em suas esculturas, móveis e luminárias.
Algumas das portas recebidas como doação foram utilizadas como janelas, na horizontal, uma forma de aumentar a iluminação e a ventilação. Um para-brisa de carro velho ganhou novo desenho, e foi adaptado a uma das paredes da sala, também ampliando a luz natural – e reduzindo o gasto com energia elétrica. As colunas da casa são feitas de casuarina, árvore que existe aos montes na orla do Recreio.
- Eu já tinha aproveitado galhos que secavam para fazer móveis. Vi que a durabilidade era enorme, e catei alguns para minha casa – lembra Barros.
Para o escultor, a bioconstrução é um processo ecológico e barato: – Uso material que está à minha volta, sem poluir. E gastei cinco vezes menos do que se tivesse comprado.


detalhe