quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Criações do designer sustentável Carlos alcantarino


Num jardim de inverno nos fundos do prédio número 66 da Rua Nascimento Silva, em Ipanema (quase em frente ao célebre endereço cantado por Tom Jobim e Vinicius de Moraes), fica o estúdio do designer Carlos Alcantarino. Ali, as peças expostas revelam o tipo de trabalho a que ele tem se dedicado nos últimos tempos. Ao lado de vasos de estanho, série que  ganhou prêmio internacional no fim dos anos 90, há castiçais de latas amassadas, ímãs de geladeira de tampinhas de refrigerante, poltrona de rejeitos de madeira e bandeja de placas de borracha reutilizada, entre outros produtos.

Pois é, Alcantarino é um cara ecologicamente correto, e seu nome virou referência quando o assunto é design sustentável. Além de produtos para lojas de Rio e São Paulo, como H.Stern Home, Duilio Sartori e Studio In, o paraense de 53 anos desenvolve projetos socioambientais Brasil afora, principalmente no Norte. Uma preocupação constante, ressalta ele, é tornar o design mais acessível a todos. O trabalho mais recente terminou no mês passado. Por três meses, ele frequentou cinco comunidades cariocas, coordenando o projeto Coleta Reciclagem, criado pela Coca-Cola. Com a ajuda de outros cinco designers, foram recrutadas artesãs nas favelas para bolar artigos usando apenas garrafas PET e de Tetra Pak.

Surgiram 28 produtos, entre cestos, porta-celulares e porta- guardanapos, agora vendidos no site da Rede Asta (www.asta.org.br). “O desafio é levar o consumidor a comprar. Não por caridade, mas porque achou bacana, porque desejou aquele objeto” diz ele, que vive desde 1982 no Rio, num apartamento também na Nascimento Silva, pertinho de seu estúdio.

Foi a partir de um convite do Sebrae, em 2004, que Alcantarino começou a se interessar por design sustentável. Naquele ano, ele partiu para Paragominas, uma cidade no Pará emblemática por causa da enorme devastação por que passou, para trabalhar com moveleiros da região e mudar o estilo das peças de madeira pesada fabricadas por lá. O resultado foram três coleções de móveis, batizadas de Paragominas, feitas apenas com sobras de madeira, que foram vendidas, na época, até na rede Tok&Stok. “Eles chegavam a usar três árvores para fazer uma única cama. Propus fazer móveis menos pesadões e aproveitar mais as sobras”, conta.


O mais festejado de todos os projetos teve início em 2007. O Cabanos, que recebeu o Prêmio Idea Brasil e o prêmio do Museu da Casa Brasileira, nasceu também no Pará, na cidade de Barbarena. Desta vez, Alcantarino ajudou uma cooperativa que trabalhava com o que era descartado da Albras, indústria de alumínio associada à mineradora Vale, a desenvolver 40 peças, entre utilitários e móveis infantis. Tudo feito com placas de borracha das correias que transportavam minério e embalagens de pínus.

Foi nessa época que ele criou o Centro de Design da Amazônia, que estabelece um elo entre pessoas talentosas e empresas, e bolou uma grande exposição dentro de uma balsa. A  mostra, chamada “Experiência design”, com curadoria do designer Jair de Souza, levou 21 mil pessoas a um barco ancorado por um mês no Porto de Belém. Eram cinco ambientes  diferentes, todos com peças de Alcantarino. Na última sala, crianças tinham contato com diversos materiais recicláveis e podiam tentar criar o que bem entendessem. “Foi realmente  a primeira vez que muitas daquelas pessoas tiveram contato com o design”, lembra. “Quando se nasce em Belém, você é engenheiro, advogado… Não existe a palavra designer.

Ele próprio se formou em Engenharia e veio para o Rio no início da década de 80 para fazer um mestrado na PUC. Chegou a trabalhar aqui como especialista em Geotecnia, até que um  amigo designer o chamou para abrir um escritório, em 1992. De lá para cá, não parou mais. O primeiro trabalho que chamou a atenção do mercado foi uma coleção de vasos de estanho, hoje à venda em diversas lojas da cidade. Com essas peças, em 2003, arrematou o alemão IF Design, um dos mais conceituados prêmios da área, e passou a atender pedidos de  arquitetos como Vicente Giffoni, Pedro Paranaguá e Caco Borges. Já desenhou muito móvel para a loja de Claudio Bernardes, o extinto Studio 999, na Barra, no fim dos anos 90, quando sustentabilidade era um conceito ainda embrionário por essas bandas. Hoje, acha que o Brasil está mais ligado em ecologia. “Estamos atrasados, sim, mas não parados”.


Homem Objeto

Você já imaginou como seria um homem objeto perfeito? Aposto que sim... Bem talvez você tenha pensado outra coisa... O fotógrafo espanhol David Blázquez resolveu mostrar que o homem tem muitas utilidades!Na sua exposição "Mobiliário Humano" os corpos masculinos viraram móveis e utensílios domésticos.

Por enquanto nós brasileiras teremos que esperar...


... Pra ver a exposição que foi inaugurada na galeria El Fotomata em Sevilha na Espanha.

Uma idéia bem interessante... um homem estante, ou sofá, tábua de passar... Literalmente homens objeto!


Resta saber se o fotógrafo na hora de criar as peças tão originais imaginou se os homens poderiam ser usados para outras funções ou em outros cômodos da casa!

Agora... como objeto de decoração ... tenho dúvidas ... o que seria melhor escolher???

Mobiliário e peças que fogem dos tamanhos convencionais estão em alta

Quase como se estivéssemos vendo uma parte do ambiente com uma lupa. Mobiliário e peças decorativas estão ganhando dimensões muito maiores (ou menores) do que o "normal". A graça da brincadeira está justamente em subverter a ordem convencional das coisas, usando, num ambiente, cachepôs mais altos que um sofá, um aparador que chama atenção pelas "pernas" compridas ou uma estante que só termina no teto.

A arquiteta Patrícia Fiúza é adepta da mistura de peças com volumes muito grandes ou muito pequenos em seus projetos. Isso não depende, diz ela, de o objetivo ser estético ou de suprir uma necessidade qualquer do ambiente. Numa sala de estar na Barra, por exemplo, ela usou cachepôs da Velha Bahia de 1,3m de altura, feitos de madeira de demolição:


- Este jogo faz a diferença no projeto, assim como acontece com a utilização de diferentes texturas.

Em uma sala de estar no Recreio, a dupla Cláudia Pimenta e Patrícia Franco lançou mão de uma luminária de piso da Rosa Kochen, com base de mármore de carrara e haste em arco, de aço inox. A peça mede quase dois metros de altura.


 
  
- Como a sala é muito ampla e tem um pé-direito alto, a luminária torna o espaço mais acolhedor - explica Claudia.

Dentro do mesmo espírito, a renomada designer Etel Carmona desenhou um aparador com "pernas" compridas - de 1,45m -, que mais parece um cavalete. Vendido no Rio apenas na Arquivo Contemporâneo, o móvel tem portas feitas de mosaicos de freijó.

- Estética, funcionalidade e ergonomia são fatores fundamentais. A peça reúne tudo isso, e ainda fica à altura dos olhos, permitindo que se veja de perto o trabalho de marcenaria - resume Etel.

Tal qual no famoso romance "Alice no país das maravilhas" (Lewis Carroll, 1865), a lógica do absurdo, uma característica dos sonhos, permeia a chapelaria feita pelos arquitetos Verônica Valle e Mateus Viana, para a 21 edição da Casa Cor Rio (que, às voltas com problemas de alvará, foi interditada pela prefeitura na semana passada). Um banco de madeira, de dois metros de altura, sustenta a poltrona mole (desencapada) do designer Sérgio Rodrigues. Nas paredes, quadros, objetos e peças de antiquário, a maioria em dimensões bem reduzidas. Ao lado de uma das paredes, um banquinho e várias lousas em miniatura chamam a atenção e remetem a recordações de infância.


- Nós apelidamos o espaço de "a chapelaria das maravilhas", pois é um lugar onde o chapéu de Magritte (pintor surrealista belga) e o chá de Alice podem conviver - explica Verônica.

Cavernas romanas inspiram adega

Na adega criada para a mesma mostra pelos arquitetos Carlos Murdoch, Georgia Montovani e Luciana Sodré, uma prateleira em formato curvo sobe da bancada até o teto. A inspiração, conta Murdoch, foram as minas subterrâneas (cavernas) de calcário utilizadas para blocos de construção, abandonadas pelos romanos - as primeiras "adegas" de que se tem conhecimento. Um conjunto de leds muda de cor, acentuando diferentes colorações na estante.

- Cavernas não têm parede nem teto. Esse foi o conceito que usamos como base. Por isso, a estante é tão atual - conta Murdoch. - Nosso ambiente também é bem-humorado.

O uso do branco no espaço permite que apreciadores de vinho enxerguem sua coloração sem interferências.


Construção em Vargem Grande leva de dormentes de trem a para-brisa de carro

Imagine uma casa praticamente toda feita de material reaproveitado, com elementos inusitados: para-brisa de carro velho como janelas e uma cabeceira de cama de ferro como guarda-corpo de um mezanino. Agora abra os olhos e veja as fotos desta página, que ilustram a tal construção. Ela existe, sim, em Vargem Grande, e pertence ao escultor Gutto Barros.
Feita segundo os preceitos da bioconstrução – a preocupação ecológica está presente desde a concepção até a ocupação do imóvel -, a residência do artista foi erguida basicamente com material que iria para o lixo: portas e janelas antigas; troncos de casuarinas mortas e até velhos dormentes de trem (esteios de madeira, que ficam debaixo dos trilhos).
Parte da madeira usada na casa (peroba rosa, hoje em extinção) provém de um tradicional hotel em Engenheiro Passos (RJ) e foi doada ao artista por uma amiga, após uma enxurrada que derrubou galinheiros dos anos 50, feitos do madeirame.
- Os amigos sabiam que eu estava fazendo a casa e que capto resíduos, então doaram coisas que iriam jogar fora – conta Barros, que trabalha há 22 anos com material reutilizado, em suas esculturas, móveis e luminárias.
Algumas das portas recebidas como doação foram utilizadas como janelas, na horizontal, uma forma de aumentar a iluminação e a ventilação. Um para-brisa de carro velho ganhou novo desenho, e foi adaptado a uma das paredes da sala, também ampliando a luz natural – e reduzindo o gasto com energia elétrica. As colunas da casa são feitas de casuarina, árvore que existe aos montes na orla do Recreio.
- Eu já tinha aproveitado galhos que secavam para fazer móveis. Vi que a durabilidade era enorme, e catei alguns para minha casa – lembra Barros.
Para o escultor, a bioconstrução é um processo ecológico e barato: – Uso material que está à minha volta, sem poluir. E gastei cinco vezes menos do que se tivesse comprado.


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sábado, 29 de outubro de 2011

Mergulhe no incrível universo do smóveis multiuso

Puff que vira mesa, módulos que viram estantes, revisteiro que vira banco...

Quem não quer ter em casa peças versáteis e que se adequam às mais variadas situações? Para aqueles que moram em espaços menores, contar com uma peça coringa é ainda mais interessante. Há muitas opções de móveis que nos ajudam no dia-a-dia e que decoram de um modo mais clean e despojado. Os pufes que se transformam em mesas de centro, mesas laterais e apoio para os pés são um bom exemplo. Também bem versátil é o revisteiro, que, se invertido, se torna um banco. é só dar uma olhada que vocês vão achar cada coisa incrível!

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As camas que escondem espaços para armazenar coisas…
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Sofá retrátil que aumenta o assento...
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Permitindo variações, a mesa de trabalho na cozinha se dispõe a ser um carrinho auxiliar no churrasco...untitled-24
Banco que, se preciso for, se amplia para fazer as vezes de mesa e mesas que também são luminárias...untitled-211untitled-114untitled-102untitled-83untitled-132

Banquinhos que são revisteiros e que também são mesas laterais e baús e bandejas. Muito útil!untitled-181untitled-34untitled-20untitled-142
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domingo, 16 de outubro de 2011

Um luxo só!

Os cristais estão em toda parte e fazem qualquer superfície se tornar brilhante...até o vaso sanitário! Não é um toilett normal...foi decorado com 100.000 cristais Swarovisk. Não é a primeira vez que este tipo de produto vira notícia, mas a cada lançamento os designers inovam. Os preços estão em nível recorde e este produto atingiu o valor de R$41.000,00, numa medida para descobrir aqueles que não vivem só de ouro!

O que torna o trabalho ainda mais luxuoso é a presença conspícua de enfeites brilhantes inseridos manualmente pelos funcionários da "Let's Crystal It", uma pequena empresa sediada na Flórida, EUA. Eles tiveram a paciência de deixar este produto sofisticado, somente para quem gosta de algo personalizado e glamoroso. A empresa colocaou 3 funcionários trabalhando 40 horas semanais durante 3 semanas inteiras!

Essa peça é mais que para uso cotidiano; é uma peça de exposição! Que luxo!



Cadeira feita de teclas de piano reaproveitadas

Cadeira feita com teclas de piano


Pesando 3 quilos e inspirada em solo de Arthur Tatum, o mais recente projeto do designer norte-americano Andrew Rumpler, denominado Tatum's Lounge - uma cadeira construída com o reaproveitamento das teclas de um piano - visa explorar os limites estruturais de um grupo de peças similares reaproveitadas. Considerado “um grande pianista em qualquer estilo” por Sergei Rachmaninoff, Arthur Tatum foi um homem de um talento imensurável que criou sons maravilhosos e caóticos. Por isso, foi a inspiração que nomeou o projeto.

Para que a cadeira ficasse pronta, foram reaproveitadas 25 teclas de um piano vertical abandonado (Rumpler) encontrado em uma rua do Brooklyn, EUA, presas a 36 encaixes ocultos e pinos cruzados. O “lounge” pesa no total cerca de três quilos. A estrutura delgada foi construída e inspirada na maneira orgânica de um solo de Tatum. A cadeira casa conceito e função para obter o seu nome – a palavra “lounge” carrega um duplo significado por ser uma cadeira com uma postura reclinada e um espaço no qual um pianista como ele, gostaria de ter tocado.

A “Tatum’s Lounge” apresenta um assento, fino quase translúcido combinado com uma moldura de aparência frágil de teclas de piano reciclado. O produto final inspira o visual equivalente aos solos imprevisíveis e composições de Arthur Tatum; uma atribuição impossível de pernas finas e ângulos, de alguma forma robusta o suficiente para suportar um homem adulto.

A construção da peça segue os passos do designer Elsie, que criou mesas de metal feitas a partir de painéis de carroceria velha encontrados em ferro velho.

Embora Rumpler tenha começado seu trabalho em meados dos anos 90, pré-revolução verde na vila East, em Nova York, com a sua loja de móveis “Nine Stories”, ele manteve seu conceito original intacto: “a maneira como uma coisa é construída deve informar o resultado final.”

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Palestra POR UMA ATITUDE SUSTENTÁVEL

Relatório sobre a palestra ‘Por uma atitude sustentável’

Apresentação: Marcos Oliva
Mediador: Júlio Augusto da Silva
Palestrantes: Mário Seixas (da Bambutec), Carlos Boeschenstein (arquiteto),
                         Rodrigo Calixto (Oficina Ethos) e Sergio Cezar (Arquiteto do Pa-
                         pelão)

            A palestra que aconteceu no auditório da UVA/Barra, no dia 06/10/11, quis mostrar que ser sustentável não é só ser verde; é ter uma atitude sustentável. Ser sustentável não significa virar riponga; não é abrir mão de confortos materiais. A questão da ecologia hoje em dia está muito mais madura, virando discussão política de Estado. Mas como usar essas ideias ecológicas no dia-a-dia? Esse assunto traz várias discussões, mas um dado que não é polêmico é que a sociedade, de uns tempos para cá, tem consumido muito mais do que pode oferecer, está gastando mais do que arrecada, mudando seu modelo econômico. Com base nisso a ideia é utilizar a criatividade para dar soluções de como manter nossa qualidade de vida sem impactar tanto nosso meio ambiente. Importante ressaltar que a questão da sustentabilidade não é passageira, não é algo imediatista; pelo contrário, é algo contínuo, que veio para ficar e que temos que inserir no nosso dia-a-dia. Os produtos têm que ser criados com a mesma qualidade que têm hoje, mas sem degradar o ecossistema.
            Reproduzindo uma pequena parte da palestra, o palestrante Mário Seixas, da Bambutec, falou sobre o trabalho de criação dos produtos que começa não com os aspectos da ecologia, mas sim com os aspectos saudáveis para quem os projeta e para quem os usa. E quem trouxe essa necessidade de gerar produtos alternativos que trouxessem benefícios à população em geral e não a uma parte dela foi a urbanização. E por falar nesses produtos alternativos, temos como exemplos o bambu, que é leve e resistente; as fibras vegetais; o algodão; a terra crua, dentre outros. Ressalta-se aqui que o que determina a sustentabilidade não é o produto em si, mas todo o processo pelo qual passa, como o cultivo, o manejo, a colheita, a produção, o uso de insumos químicos etc. Bom falar sobre o bambu como exemplo porque ele fornece material em todos os seus estágios de crescimento.
            Já o palestrante Rodrigo Calixto quis ressaltar os ideiais da sustentabilidade em seu trabalho na marcenaria. Para ele ser sustentável é tão importante quanto ser honesto. O que ele quis mostrar é que as pessoas compram pensando nos produtos mais modernos que vão surgir, achando que tudo é descartável. Calixto, que trabalha com a madeira, ressalta que a madeira é um bem durável, não descartável e que as pessoas perderam o valor da afetividade. O ser sustentável é uma ideologia e não o que a imprensa, muitas vezes, propõe. Para ele ser sustentável não é fazer uso de resíduos da madeira; é ser inteligente; é usa o produto que está ali sem você precisar sair para comprá-lo. Ser sustentável é muito mais complexo que isso; é algo interno, subjetivo.
Profa. Lourdes Luz

Prof. Marcos Oliva

Prof. Júlio

Mário Seixas

Rodrigo Calixto

 Carlos Boeschenstein

Sergio Cezar

domingo, 18 de setembro de 2011

(Re)Construções - A Arte Contemporânea da África do Sul

            A mostra (Re)Construções - A Arte Contemporânea da África do Sul - que aconteceu de 19/03 a 15/05 no MAC (Museu de Arte Contemporânea), em Niterói, reuniu uma coletiva de obras de 13 artistas sul-africanos, jovens emergentes e aqueles com reconhecimento internacional, mostrando, ao contrário do que muitos temiam, que a produção criativa da África do Sul não foi afetada pelo fim do apartheid. A mostra apresenta as (re)construções de novos trabalhos, onde o desenho e a pintura dialogam entre si em imagens figurativas que privilegiam o preto e branco. A luz, a sombra e o traço são usados como técnicas para revelar, sutil ou escancaradamente, os temas de cada um, criando diálogos e contrastes entre os trabalhos, que sofrem grande influência da fotografia, tanto em seus enquadramentos como nos congelamentos das imagens. São obras informadas pela estética e pela técnica de colagem, fundamentada na repetição – do desconstruir para reconstruir. As artes visuais foram usadas como forma de a sociedade se ajustar a sua pluralidade e a diminuir as lacunas distendidas pelo apartheid.
            A mostra recebeu esse nome porque faz uma reconstrução do olhar, da nação (que se fragmentou após o apartheid), misturando mídias variadas como a colagem, a pintura, o desenho, a fotografia, fragmentos de texto e imagens preexistentes. Os artistas procuraram fazer reconstruções do olhar, da nação (que se fragmentou depois do apartheid); procuraram reconstruir o dia-a-dia de quem vivia nas áreas segregadas durante as duas primeiras décadas do apartheid, o cotidiano sul-africano; queriam mostrar sua cultura, reconstruir memórias sócio-culturais do homem com a sociedade. Há obras que assinalam a improbabilidade das cenas, da disposição e da disparidade dos elementos, gerando dúvidas entre a realidade e a ficção.
            Na exposição, percebi que há obras que fazem revisão das sequelas deixadas pelo apartheid, dos sofrimentos, da cultura da época, da falta de liberdade e da posição da mulher naquela sociedade (sobretudo da comunidade negra).

Magia das Mãos

A exposição do artista plástico Pedro Grossi que acontece atéhoje no Centro Cultural dos Correios, no Rio de Janeiro, apresenta um trabalho contemporâneo abstrato entre painéis de formato não-convencional e esculturas com metais.

Mineiro, de Barbacena, iniciou sua trajetória artística em 2000, quando, em um impulso, aproveitou os restos de tinta da obra de sua casa em Pedra de Guaratiba, onde agora tem um atelier. Interessante é a sua trajetória, pois a arte abstrata na vida de Grossi cumpriu primordialmente uma função: a cura. Em 2004, teve um câncer, depressão e síndrome do pânico. Médico consagrado, percebeu que remédio algum fazia efeito. Foi aí que retomou a veia artística abandonada na adolescência, lhe dando ânimo, subsistência e prazer. Além de artista plástico, Pedro Grossi é Comendador, artroscopista, ortopedista, Grão Cruz de Ouro da Ordem da Associação Brasileira de Artes Visuais.

Inspirando-se em artistas consagrados como Matisse, Mabe, Volpi e Wakabayashi, procurou a individualidade gradativamente e desenvolveu sua identidade pesquisando novos materiais, ceras resinas e metais. Apostou em desenhos de formatos diferentes. Nada quadrado. Aprendeu a trabalhar com metal e a acoplar as duas coisas: a pintura e a escultura. Primeiro a pintura e, em seguida, a escultura. Tem cerca de 50 telas prontas e 5 esculturas.

Com o dom de reciclar todo tipo de material disponível: madeira, metal, tinta, resina, dentre outros, e frequentemente visitando depósitos, ferros-velhos e madeireiras, ele faz suas peças carregadas de sensibilidade, enxergando, assim como na cura de enfermidades, a possibilidade de restauração da matéria. Como o próprio nome da exposição já diz "A Magia das Mãos", ele atua na arte de salvar vidas e na arte de moldar.

De acordo com a marchand Fátima Machado, "a obra criada por Pedro Grossi é extremamente nítida. Ela se apresenta como um ser, uma presença que está ali, um fato do mundo, uma entidade de per si, única, direta, concreta... Não resta qualquer dúvida de que suas pinturas e esculturas são intencionais".

Grossi expôs no Jacob Convention Center, em Nova Iorque e, desde 2002, sua primeira aparição pública, já ganhou dezenas de medalhas de ouro e troféus, entre eles, no I Salão de Artes Plásticas do Consulado da Hungria; melhor pintura contemporânea e melhor escultura abstrata no Salão da Academia Militar das Agulhas Negras; destaque de ouro em criatividade em abstrato contemporâneo no II Salão de Artes Plásticas ABD e Forte de Copacabana, entre outros.







Di Cavalcanti

Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo, mais conhecido como Di Cavalcanti, foi um importante pintor, caricaturista e ilustrador brasileiro. Nascido na cidade do Rio de Janeiro em 06 de setembro de 1897, já começou a mostrar interesse pela pintura desde jovem. Morou no Brasil e no exterior, participou de vários eventos e recebeu vários prêmios. Idealizador da Semana de Arte Moderna de 1922, colaborou como caricaturista, pintor, ilustrador, publicou um livro e desenhou até croquis de jóias – o que poucos sabem -, a pedido de um amigo joalheiro (Lucien Finkelstein), com o qual criou uma coleção de broches, pendentes e anéis.
Seu estilo artístico foi marcado pela influência do expressionismo, cubismo e dos muralistas mexicanos. Conviveu com Picasso e Braque, entre outros. Foi um intelectual bem informado sobre as vanguardas modernistas do seu tempo. Em seus trabalhos abordou temas tipicamente brasileiros, como o samba; temas sociais, como as favelas e as festas populares; enfatizou os diversos tipos femininos e usou as cores do Brasil em suas obras, ressaltando a sua exuberância natural e humana, colocando a arte brasileira em compasso com o que acontecia no mundo.
A mostra, no Centro Cultural dos Correios, no Rio de Janeiro, vai até hoje e reúne 11 peças exclusivas (broches, pendentes e anéis), com seus croquis originais, 108 desenhos (tinta, lápis e aguada) e seis pinturas a óleo. As obras pertencem à coleção de seu amigo Finkelstein, falecido em 2008, e revelam a variedade de estilos, mas sempre com a temática brasileira que caracteriza o trabalho de Di Cavalcanti.
Na exposição vi muitas obras de Di retratando, principalmente, mulheres sensuais e seminuas, e os prazeres da carne, que, presumo, ele deve ter retirado da atmosfera quente e sensual de quando viveu em Paris e no Brasil. Percebi que a sensualidade é imanente às obras do pintor e os prostíbulos são uma de suas macas temáticas, assim como o carnaval e as festas.