A mostra (Re)Construções - A Arte Contemporânea da África do Sul - que aconteceu de 19/03 a 15/05 no MAC (Museu de Arte Contemporânea), em Niterói, reuniu uma coletiva de obras de 13 artistas sul-africanos, jovens emergentes e aqueles com reconhecimento internacional, mostrando, ao contrário do que muitos temiam, que a produção criativa da África do Sul não foi afetada pelo fim do apartheid. A mostra apresenta as (re)construções de novos trabalhos, onde o desenho e a pintura dialogam entre si em imagens figurativas que privilegiam o preto e branco. A luz, a sombra e o traço são usados como técnicas para revelar, sutil ou escancaradamente, os temas de cada um, criando diálogos e contrastes entre os trabalhos, que sofrem grande influência da fotografia, tanto em seus enquadramentos como nos congelamentos das imagens. São obras informadas pela estética e pela técnica de colagem, fundamentada na repetição – do desconstruir para reconstruir. As artes visuais foram usadas como forma de a sociedade se ajustar a sua pluralidade e a diminuir as lacunas distendidas pelo apartheid.
A mostra recebeu esse nome porque faz uma reconstrução do olhar, da nação (que se fragmentou após o apartheid), misturando mídias variadas como a colagem, a pintura, o desenho, a fotografia, fragmentos de texto e imagens preexistentes. Os artistas procuraram fazer reconstruções do olhar, da nação (que se fragmentou depois do apartheid); procuraram reconstruir o dia-a-dia de quem vivia nas áreas segregadas durante as duas primeiras décadas do apartheid, o cotidiano sul-africano; queriam mostrar sua cultura, reconstruir memórias sócio-culturais do homem com a sociedade. Há obras que assinalam a improbabilidade das cenas, da disposição e da disparidade dos elementos, gerando dúvidas entre a realidade e a ficção.
Na exposição, percebi que há obras que fazem revisão das sequelas deixadas pelo apartheid, dos sofrimentos, da cultura da época, da falta de liberdade e da posição da mulher naquela sociedade (sobretudo da comunidade negra).