sexta-feira, 26 de agosto de 2011

A jato

Quem já tentou garante que é bastante fácil. E a transformação acontece em poucos minutos. Material: uma lata de tina em spray, um rolo de fita adesiva para cobrir as partes da peça que não serão pintadas e muito jornal para não deixar o ambiente todo respingado. Próximo passo: mirar no objeto de casa a ser colorido...os utilitários domésticos estão ganhando outra cara desta forma...com uma ideia na cabeça e uma latinha na mão. Vermelho, laranja e amarelo estão entre as cores prediletas da turma que decidiu brincar de pintor.

A estilista Fernando Guimarães, por ex., deixou um ventilador bem básico de plástico todo vermelho. Para a artista plástica Brigida de Murtas, manusear tintas faz parte do trabalho, mas pintar a torneira de amarelo-ovo foi puro lazer. "O fundamental é escolher o spray certo para cada superfície que será pintada: plástico, metal, madeira...", afirma. E as tendências deste ano apontam para o amarelo-pólen e o azul, que continua sendo uma forte aposta em tonalidade mais viva. 

A designer Paula Costa se aventurou em pintar o fogão, o micro-ondas e a torradeira, e, como não era experiente neste assunto, resolveu testar primeiro em alguma peça mais velha, a que não era muito apegada, para servir de cobaia. Com isso, ela aprendeu que tem que balançar muito a lata de spray antes de aplicá-la, reaplicá-la depois de dez minutos e deixar secar ao sol.

A publicitária Thalita Carvalho já pintou de tudo na casa, do liquidificador até o ralo do banheiro.

É isso...a tinta spray renova os objetos da casa com cores inusitadas!





Designer carioca que vive em Milão

O designer carioca Rafael Simões Miranda, de 31 anos, vive há 11 em Milão, onde foi estudar Design no Instituto Europeo di Design. Enveredou-se pelo design de móveis, com os quais ganhou prêmios como o Red Dot Design Award. No Brasil, seus móveis são produzidos desde 2007 pela Schuster, uma fábrica no Rio Grande do Sul. Ele começou a se destacar quando lançou no Salão Satélite, em 2005, uma peça chamada Brasileirinho. Apesar de ser designer de móveis, trabalha na Montlanc...completamente absdorvido pelos relógios: no momento, ele acabou de desenvolver um modelo masculino para a Bulova e, em outubro, vai lançar cinco variações de um mesmo modelo que desenhou para sua própria marca, a Dwiss (Design Watch Independent), que tem a mesma máquina da Rolex, Cartier e Bulgari.

Esse 'menino' vai longe!

Rafael Simões Miranda

Mesa de bar Chopinho

Banco Doka Wood

Chaise Sue

Mesa Corset

Niemeyer no Principado das Astúrias

Oscar Niemeyer recebeu o Prêmio Príncipe das Astúrias das Artes em 1989. Em retribuição, o arquiteto desenhou uma obra, hoje instalada em Avilés, na Espanha. Batizado de Centro Niemeyer, o espaço foi inaugurado no dia 25 de março e abriga um centro de exposições, um auditório que permitirá programar espetáculos dentro ou fora da construção e uma torre panorâmica concebida como um espaço gastronômico internacional. Este é o primeiro empreendimento do arquiteto brasileiro no país europeu. O local havia sido aberto no aniversário de 103 anos do arquiteto, em dezembro do ano passado, mas só neste ano o acesso ao público foi liberado.

Com uma área construída de 14,3 mil m², o empreendimento é composto por um auditório com capacidade para 900 espectadores, um espaço de exposição de cerca de 4 mil m², um mirante e um edifício polivalente que abrigará cinema, salas de ensaio, de reuniões e de conferências, entre outros espaços da administração. No exterior, há uma praça central para espetáculos e atividades ao ar livre. "É um terreno muito esplêndido, com 200 m por 100 m, aberto sobre a paisagem, de modo que a ideia natural era criar uma praça", afirma Oscar Niemeyer em um vídeo explicativo do projeto. "De um lado, está o auditório e, do outro, o museu. Queria que o terreno estivesse limpo, no mesmo nível com os dois prédios, dando mais ênfase para a arquitetura", completa. Para não deixar os dois prédios "soltos no terreno", o arquiteto projetou uma passarela para interligar o auditório e o museu. O edifício polivalente, por sua vez, fica ao fundo do terreno. "No prédio da administração, um bloco todo envidraçado sobre pilotis, foram a simplicidade e a flexibilidade interna que procurei atender em primeiro lugar", conta o arquiteto. Já o auditório foi projetado como um palco aberto para a praça. Assim, tanto as pessoas que estão sentadas na plateia, como quem está do lado de fora do prédio consegue assistir às apresentações. No museu, por fim, Niemeyer opta por contrastar a simplicidade da cúpula externa com um ambiente interno moderno. "O piso intermediário que projetei cobrindo parte do grande salão e criando níveis diferentes vai dar ao interior do edifício um aspecto mais leve e variado", afirma.





 

Saul Steinberg: As aventuras da linha

No dia 19 de agosto fui à exposição de Saul Steinberg - As aventuras da linha - no Instituto Moreira Salles, onde estavam expostos 111 desenhos do consagrado artista gráfico, a maior parte deles pertencentes ao acervo da The Saul Steinberg Foundation. As obras apresentadas no IMS foram produzidas por Steinberg entre 1940 e 1960.

Saul Steinberg nasceu em 15 de junho de 1914, no lugarejo romeno de Râmnicul-Sarat. Se formou em ?Arquitetura em 1940, em Milão, onde começou a publicar desenhos numa espécie de folhetim, o que lhe valeu certa fama. Depois de ter casado com a pintora Hedda Sterne, em 1944, estabeleceu-se em Nova York, onde obteve sucesso imediato. Ficou conhecido por, usando às vezes uma única linha, questionar em seus desenhos o papel das rotinas, a vida que levamos. A exposição revela ainda um pouco da lógica do trabalho do artista: o aspecto "serial" de sua criação, pois ele costumava trabalhar um tema ou motivo até esgotá-lo, produzindo longas séries de variações gráficas. Por exemplo, a mostra reúne um número expressivo de trens, mulheres com casacos de pele, bichos sem nome, desenhos de arquitetura, dentre outros.

Essa é a segunda vez que as obras de Steinberg são expostas no Brasil, já que, em setembro de 1952, o Museu de Arte de São Paulo (Masp) inaugurou uma exposição individual do artista.








segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Estantes e armários um tanto quanto irreverentes

As estantes e armários das imagens abaixo apresentam uma forma divertida de decorar sem perda das devidas funcionalidades dos móveis. Essas estantes e armários possuem design irreverentes, em diversas cores, tamanhos, e tudo mais para criar uma decoração alegre dotada de um certo ar de despojamento, sendo marcante também a sensação lúdica que elas criam as nossas visões, gerando uma surpresa à primeira vista.

Esse estilo de trabalho é uma marca registrada de Vincent Thomas Leman que, além desses, desenvolve esse tipo de design para outros tipos de objetos.

Curta estes móveis e suas formas. Pense nas diversas possibilidades que um mobiliário parecido pode acrescentar a sua casa. 

estante 1029bk7charcoal 180x250 Estantes e armários em formas irreverentes | Decoração & Design

Estante stackedno51 180x250 Estantes e armários em formas irreverentes | Decoração & Design

estante stacked4appleblack 180x250 Estantes e armários em formas irreverentes | Decoração & Design

estante Bk10black 180x250 Estantes e armários em formas irreverentes | Decoração & Design

armario clockno1web 180x250 Estantes e armários em formas irreverentes | Decoração & Design

estante TogetherWeCan 180x250 Estantes e armários em formas irreverentes | Decoração & Design

armario cab6crimson 180x250 Estantes e armários em formas irreverentes | Decoração & Design

armario cabinet5web 180x250 Estantes e armários em formas irreverentes | Decoração & Design

A história do móvel no Brasil

Um percurso pelo século XX

A produção de móveis no Brasil, durante o século XX, foi influenciada pelos acontecimentos que se desenvolveram no século XIX e estimularam a industrialização de vários artefatos. Os antecedentes da industrialização brasileira remontam ao início do século XIX, com a transferência da Corte portuguesa para o Brasil, em 1808, quando a Colônia converteu-se em sede da monarquia. A chegada da família real no país transformou a Colônia, antes vista como fonte de extração de riquezas, em sede oficial do reino de Portugal. Uma das primeiras mudanças foi o decreto que determinou a Abertura dos Portos, em 1808, pondo fim ao monopólio português no comércio colonial.

A situação propícia para o desenvolvimento de pequenas fábricas começaria a se desenvolver a partir de 1850, com o fim do tráfico de escravos trazidos para o Brasil, uma decisão tomada sob influência da Inglaterra. As bases da monarquia estavam desestabilizadas, pelo endividamento e descontentamento com a Guerra do Paraguai; o contexto histórico era favorável à instalação da República no país. (SEVCENKO, 1998). A República desenvolve-se nos seus primeiros anos, em meio às muitas revoltas e confrontos, como a Revolta de Canudos, entre 1893-1897, narrada no romance de Euclides da Cunha, Os Sertões; a Revolta Armada, no Rio de Janeiro, com oficiais da marinha que defendiam direitos e privilégios anteriores à República; a Revolução Federalista na região sul, que defendia a autonomia dos estados, entre outros conflitos que marcaram o processo de modernização e urbanização do país no período republicano. (SEVCENKO, 1998).

A difusão dos meios de comunicação, como as revistas ilustradas, os jornais e a multiplicação dos cinematógrafos, apresentava ao público novos padrões de consumo e de comportamento. As elites inspiravam-se nos modelos europeus, principalmente na moda, influenciada fortemente pelos modelos franceses.

Esta alteração no comportamento também é percebida na criação de outros artefatos do cotidiano, como o mobiliário. Os chamados pioneiros do móvel moderno foram inspirados por esses ideais transformadores. O entusiasmo pela industrialização contagiou alguns profissionais que, incentivados por uma nova paisagem urbana e novos padrões de comportamento, passaram a buscar a fabricação industrial de seus produtos, e deram origem às primeiras fábricas de móveis do país.

Pioneiros do móvel moderno

Celso Martinez Carrera (1883-1955) foi pioneiro na fabricação de móveis de madeira por um processo industrial. Carrera já conhecia formas de curvar e tornear a madeira, semelhantes à técnica desenvolvida por Michel Thonet, na Áustria. Em 1909, era fundada a Fábrica de Móveis Carrera, em Araraquara, São Paulo, que começava a produzir a Cama Patente. A cama foi uma encomenda para um hospital da cidade, que pretendia substituir as camas de ferro importadas por camas de madeira. (SANTOS, 1995). A Cama Patente era feita de madeira curvada, com linhas finas, que apresentavam uma estética simplificada para a época. A cama deu origem a uma linha de móveis, que incluía mesas, armários e cadeiras.

Na década de 1920 e 1930, a criação de mobiliário estava ligada ainda à fabricação de poucas peças, geralmente para atender um determinado projeto. As criações traziam a influência européia, nos trabalhos de artistas europeus, como o pintor suíço John Graz (1891-1980) e o pintor lituano Lasar Segall (1891-1957). John Graz começou a desenhar móveis, junto com sua esposa, Regina Gomide, que desenvolvia componentes para a decoração, como tecidos e tapeçaria. As peças criadas pelo casal atendiam uma clientela pequena e seleta, que buscava móveis modernos. Seus móveis eram fabricados artesanalmente e empregavam materiais importados. Os modelos tinham forte influência de uma estética européia e influência da Art Déco, com formas sólidas e geométricas, que remetiam ao Cubismo.

Lasar Segall desenhou alguns móveis, para decorar sua própria residência. A mobília apresentava, assim como os móveis de John Graz e Regina Gomide, forte referência da arte cubista e da Art Déco. As criações de Segall eram sólidas e visualmente pesadas, pela composição de planos e volumes utilizados por ele.

As iniciativas de artistas modernos, como Lasar Segall, demonstram a relação entre arte e design, presente nas propostas modernistas. O móvel fazia parte de um ideal moderno, em harmonia com a nova estética do período. Influências da Arte Déco e do Cubismo eram as referências que estes artistas europeus traziam quando chegavam ao Brasil.

Outras iniciativas sucederam-se na década de 1930, como o trabalho do arquiteto Gregori Warchavchik (1896-1972), criador da Casa Modernista, construída em São Paulo, em 1932. Warchavchik começou a desenhar móveis que fossem adequados à concepção modernista de sua arquitetura. Suas criações possuíam linhas retas e grande preocupação funcional. Warchavchik utilizava materiais nacionais, como a madeira de imbuia; e foi um dos primeiros a usar o metal cromado em suas criações, fato tão inovador no país, que chegou a ser noticiado em um jornal carioca da época. (SANTOS, 1995). Existiam, contudo, alguns empecilhos à produção do mobiliário no país. Warchavchik chegou a montar uma oficina para produzir janelas, portas e outros elementos da casa que havia projetado. Não existiam tantas fábricas com potencial de produção, tal como esperavam os profissionais.

O modernismo buscava temáticas que representassem o Brasil, assim como uma linguagem brasileira. Estas propostas não estavam presentes unicamente no mobiliário ou na arquitetura; a Semana de Arte Moderna de 1922 apresentava esta idéia, de voltar-se para a temática nacional nas artes, na música e na literatura.

O mobiliário associado à arquitetura

Nas décadas seguintes, entre 1930 e 1950, o móvel acompanha algumas transformações do período, como a modificação na arquitetura, que deixava os estilos do passado, como o neocolonial, e adquiria feições modernas. (CASA CLAUDIA, 2006; BITTAR e VERÍSSIMO, 1999). É neste cenário que os arquitetos passam a criar peças de mobiliário, na falta de produtos existentes que oferecessem uma estética moderna, em harmonia com os novos espaços planejados na época.

Nos anos de 1955 e 1960, a euforia desenvolvimentista foi baseada na racionalidade e no planejamento, simbolizados pelo governo de JK, que tinha como slogan “50 anos em 5” e pela construção de Brasília. Não por acaso, é durante a década de 1950 que o mobiliário moderniza-se; não apenas para atender uma demanda da nova arquitetura, mas para acompanhar uma nova ordem social, política e cultural que se estabelece no país.

A associação entre arquitetura, mobiliário e progresso contribui para o trabalho de vários profissionais, que passam a trabalhar junto a arquitetos, fornecendo móveis com a mesma linguagem moderna dos espaços aos quais se destinam. Esta parceria pode ser exemplificada pelo arquiteto Oscar Niemeyer, que convidou alguns profissionais para desenharem móveis para os seus projetos, inclusive aquele que ocupou grande parte do imaginário modernista do período: a construção de Brasília.

Entre os profissionais estava Joaquim Tenreiro (1906-1992), autor dos móveis para o projeto de uma residência de Oscar Niemeyer, em Cataguases, Minas Gerais. Tenreiro nasceu em Melo, Portugal e veio para o Brasil em 1929. Participou do Núcleo Bernardelli nos anos 30 e deixou as artes plásticas para trabalhar com móveis. Primeiro em fábricas, como aprendiz, passou a criar peças de estilos variados, de acordo com o gosto da clientela, até fundar a própria empresa, em 1943. A partir deste período, seus móveis ganham uma estética mais moderna, como na Poltrona Leve, criada para a residência de Cataguases: feita de madeira de imbuia, tinha como revestimento um tecido desenhado pela artista plástica Fayga Ostrower. (SANTOS, 1995).

O trabalho de Tenreiro é reconhecido como moderno e com forte apelo nacional pelo uso de madeiras típicas brasileiras, como imbuia, cedro, peroba e jacarandá. Tenreiro vinha de uma família que tinha tradição no trabalho com a madeira; seu pai e avô eram marceneiros em Melo. Os seus móveis marcam uma fase, na qual os profissionais buscavam uma linguagem moderna e ao mesmo tempo brasileira. As criações de Joaquim Tenreiro são consideradas dentro de uma linguagem nacional moderna em decorrência: do uso de madeiras brasileiras típicas, como cedro, jacarandá, peroba; da aplicação singular, resultado do profundo conhecimento das possibilidades destas madeiras; e finalmente pela leveza e sofisticação atribuídas às suas peças, tidas como elementos da modernidade no móvel. Tenreiro ainda realizou algumas modificações no mobiliário, como a redução das dimensões de mesas e cadeiras, adequando-as às proporções humanas.

Outro personagem marcante do design brasileiro é o arquiteto Sérgio Rodrigues, que freqüentemente “leva a fama de idealizador do autêntico mobiliário brasileiro, pelas formas robustas de suas peças – convite ao relaxamento e à informalidade – e o uso da madeira maciça grossa, em contraste com as silhuetas delgadas da época, contribuíram para essa fama”.(CASA CLAUDIA, 2006, p. 22).

O arquiteto iniciou a carreira no mobiliário como sócio dos irmãos Hauner, vendendo móveis da Móveis Artesanais em uma filial em Curitiba. Após um fracasso nas vendas, pois conta que vendeu apenas um sofá em um ano, ele decidiu abrir uma loja e vender os móveis que ele desenhava. Assim nasceu a Oca, aberta em 1955 no Rio de Janeiro, com o conceito de loja e galeria de exposições. Na Oca, Sérgio Rodrigues comercializou um de seus modelos mais famosos: a poltrona Mole. A poltrona foi criada a partir do pedido de um cliente, que procurava um sofá que parecesse “esparramado” (SANTOS, 1995, p. 127). O móvel, feito em jacarandá maciço inicialmente foi visto como uma peça pesada, grosseira, mas um ano depois já recebia várias encomendas. (SANTOS, 1995). Outros modelos foram desenvolvidos trabalhando com as madeiras nacionais, o couro e os tecidos brasileiros.

Sérgio Rodrigues, “buscando uma linguagem própria, lançou mão de materiais tradicionais, como o couro, a palhinha e o jacarandá. Num período que a moda valorizava os delgados pés de palito, assumiu a robustez da madeira em estofados pesados, que deixavam aparentes correias de couro e encaixes rústicos”. (CASA CLAUDIA, 2003, p.31).

Em 1946, desembarcaram no Brasil alguns imigrantes que fugiam da herança deixada pela Segunda Guerra. Era “a missão italiana’’, que trazia Pietro Maria Bardi e Lina Bo Bardi, Enrico Fuori Dominicci e Carlo e Ernesto Hauner. Pietro Maria Bardi e Lina Bo Bardi tiveram um papel fundamental no desenvolvimento da arte, da arquitetura e do design no país. Enrico Dominicci fundou uma empresa de iluminação e passou a fabricar lustres tradicionais italianos. Os irmãos Hauner fundaram a Móveis Artesanais que depois se tornou a Forma. (LEON, 2005; SANTOS, 1995).

Lina Bo Bardi deu início ao trabalho com o mobiliário no Studio Arte Palma, utilizando madeira compensada, plástico e chita como recursos para racionalizar a produção de móveis e diminuir os custos, buscando a industrialização. Desta época é a poltrona Bowl (1951), confeccionada com uma estrutura de ferro e com versões em couro e tecido. Lina Bo Bardi buscava a expressão de uma identidade brasileira em suas criações e assim começou a investigar o artesanato popular e o design vernacular , tendo viajado ao nordeste para realizar suas pesquisas.

Lina Bo Bardi desenvolveu projetos arquitetônicos nos quais pensava o espaço como um espaço de uso efetivamente, pelas pessoas, pois acreditava que a relação entre indivíduo e espaço (doméstico, público, institucional) interferia em todos os aspectos da vida. Criou importantes projetos de edifícios públicos, como o prédio do MASP (1947) e o edifício do SESC-Pompéia (1977), ambos em São Paulo; a residência conhecida como a Casa de Vidro (1951), também em São Paulo e a Casa do Benin (1987), na Bahia, para citar alguns.

O mobiliário criado por Bardi aproximava-se da idéia do design vernacular, com soluções que tinham como foco a simplicidade, a possibilidade dos materiais e a exploração de técnicas construtivas simples. (LEON, 2005). Dentro deste conceito, podem ser citados como exemplo a cadeira Girafa, criada para a Casa Benin, na Bahia, e a cadeira Frei Egídio.

O uso de materiais nacionais e a racionalidade na produção do mobiliário são elementos presentes no trabalho de José Zanine Caldas (1919-2001). Autodidata, Zanine Caldas trabalhou cerca de sete anos com maquetes de projetos de arquitetura, tendo realizado maquetes para Oscar Niemayer, entre outros arquitetos. Com as maquetes, aprendeu sobre madeiras e interessou-se pelo compensado; material adotado nos móveis que ele fabricou para sua residência. Em 1948, Zanine Caldas fundou, junto com alguns sócios, a fábrica de Móveis Z. Feitos de compensado, os móveis eram fabricados num processo quase inteiramente industrial: a fixação do estofado e das partes móveis era feita manualmente pelos funcionários.

Zanine Caldas trabalhava com chapas de compensado, cortadas em formas de S ou Z, que resultavam em formas inovadoras; os tecidos utilizados na fábrica não dependiam de costura e muitos eram revestimentos feitos de materiais plásticos ou lonas, que diminuíam o custo com etapas especializadas da produção. (CASA CLAUDIA, 2007). A Móveis Z tinha como público-alvo a classe média, que passou a consumir móveis modernos, com preços acessíveis.

No final da década de 1960 e durante os anos 1980 criou móveis escultóricos, feitos a partir de madeiras abandonadas e troncos de árvores. Em 1983, criou a Fundação Centro de Desenvolvimento das Aplicações das Madeiras do Brasil, um núcleo de pesquisa e preservação das matas e madeiras brasileiras.

O artista plástico, fotógrafo e designer Geraldo de Barros (1923-1998) foi autor de projetos de móveis baseados na racionalidade e na produção industrial. Geraldo de Barros realizou uma experiência singular quando, em 1954, estabeleceu uma parceria com os operários da Unilabor (União do Trabalho), uma cooperativa de trabalho que reuniu cerca de 50 funcionários. O objetivo da Unilabor era trabalhar com móveis que fossem acessíveis a um maior número de pessoas, utilizando para isto materiais industriais, racionalização e padronização.

Geraldo de Barros percebeu a necessidade de armazenar, guardar e transportar o móvel e, desta forma, surgiu a modulação das peças, que para ele “era uma espécie de jogo de armar: desenvolver um mínimo de peças e o maior número possível de combinações” (SANTOS, 1995, p. 117). O conceito de móvel modulado permitia maior racionalização e redução dos custos. As peças possuíam uma linguagem simples, tanto estética quanto construtiva; utilizava cores neutras como o branco e preto e combinadas ao ferro, permitiam composições versáteis e modernas. A Unilabor funcionou entre 1954 e 1967, mesmo com o desligamento de Geraldo de Barros em 1964, por questões de divergências na cooperativa.

O mobiliário no Brasil: 1970 – 2000

Após a década de 1950 e 1960, a noção de móvel moderno adquiria novos aspectos, como a procura por soluções simples, que oferecessem facilidade de produção e custo acessível. Dentro desta proposta, a cadeira Peg-Lev (1972), de Michel Arnoult, pode ser considerada resultado de um projeto inovador. A cadeira era comercializada em pontos de venda, como lojas e supermercados. A idéia era simples: um móvel que fosse retirado, transportado e montado pelo usuário. A cadeira desmontada ocupava pouco espaço, otimizando embalagem e o espaço onde seria armazenada.

Na década de 1980, os planos monetários e a crise econômica fizeram com que muitos escritórios de design fechassem. (LEON, 2005). Os designers nas décadas de 1980 e 1990 tiveram que reinventar o processo de criação e produção; muitos passaram a trabalhar sob a forma de parcerias com pequenas oficinas e marcenarias, fazendo dos pequenos fornecedores uma possibilidade de viabilizar seus projetos.

Neste cenário, buscaram-se novas soluções para o móvel, pautadas na investigação de possibilidades quanto aos materiais e técnicas produtivas e construtivas. Carlos Motta recebeu prêmios por soluções simples, com economia de material e facilidade de produção. A Cadeira São Paulo (1982) foi premiada no concurso do Museu da Casa Brasileira, em 1987, e foi campeã de vendas por dez anos. (CASA CLAUDIA, 2003). Feita de madeira, a cadeira possui um desenho simples; o encosto é encaixado no assento através de uma fenda. No final dos anos 1990, Motta passou a trabalhar com madeiras de reflorestamento e certificadas. Em 2003, recebeu o prêmio Planeta Casa pela poltrona Astúrias, feita com madeira reciclada.

No contexto de soluções construtivas e técnicas destaca-se o trabalho de Maurício Azeredo, que utiliza encaixes, alguns patenteados, nos móveis, todos feitos de madeira. Outra característica de Azeredo é o uso de madeiras variadas, provenientes de várias regiões do país. Este aspecto do trabalho de Azeredo confere ao móvel uma característica que se aproxima das criações de Joaquim Tenreiro.

Entre os anos de 1990 e 2000, o mobiliário brasileiro apresenta modificações, resultado de experiências com materiais, conceitos, processos de fabricação e novas perspectivas no mobiliário. São alguns termos que podem situar a produção dos designers destas décadas. O trabalho de Jacqueline Terpins com o vidro resultou em móveis inovadores, numa linha de 1999: cubos transformam-se em poltronas, pufes e estantes.

O artista plástico Nildo Campolongo descobriu o trabalho com papéis nos anos 1980: rolos usados em gráficas e fábricas deram origem a mesas, pufes, cadeiras e outros objetos. Desenvolveu tramas de papel para compor piso, telha e revestir uma casa; o projeto foi apresentado no SESC Santo André, em São Paulo, em 1994.

A dupla Gerson de Oliveira e Luciana Martins, que trabalha em parceria desde 1991, desenvolve objetos e móveis que instigam a curiosidade. Em 2005, foram premiados com o primeiro lugar na categoria utensílios, do concurso Museu da Casa Brasileira, pelo cabideiro Huevos Revueltos, feito com bolas de bilhar, que podem ser dispostos na parede da maneira que o usuário quiser. Uma apropriação de objetos que se convertem em peças de mobiliário. Segundo a opinião do júri: “O cabideiro resulta num objeto lúdico e instigante, conjugando versatilidade no cumprimento de sua função e humor em seu aspecto formal, que se estende até à embalagem” (MUSEU DA CASA BRASILEIRA, 2005) A dupla estabelece uma proximidade com os irmãos Campana, que empregam objetos e materiais, retirados de um contexto e transformados em produtos e mobiliário.

Em 1989 tem início o trabalho dos irmãos Humberto e Fernando Campana, que começaram a trabalhar com esculturas de metal e pequenos objetos. A primeira exposição, Desconfortáveis (1989), apresentou cadeiras de ferro e cobre sem acabamento, despertando a atenção para as fronteiras entre arte e design. Em 1998 os irmãos fizeram sua estréia no Salão Internacional do Móvel de Milão, com a cadeira Vermelha, de 1993. Confeccionada com 493 metros de fios de algodão tingidos. Os Campana trabalharam com vários materiais e conceitos, como reuso, reaproveitamento, ready made. Utilizaram técnicas artesanais e tecnologia ponta e realizam uma bem-sucedida parceria coma empresa italiana Edra, desde 1998.
 
Matéria retirada em http://historiadomobiliario.blogspot.com/ da designer, professora e pesquisadora Lindsay Cresto

domingo, 14 de agosto de 2011

Jogando Verde

Novos usos para velhos objetos

Foi o interesse pela decoração em torno de uma missão - a transformação - que uniu as designers Luciana Pestano e Maria Archer. No Sótão 43, marca criada pela duas, é que elas criam móveis com peças inusitadas, geralmente garimpadas em ferros-velhos, dando novas utilidades ao que já estava descartado, seguindo o conselho do upcycling. "Qualquer coisa pode ser transformada em algo diferente, com novo uso. Essas peças seriam derretidas. A ideia é fazer, de objetos descartados, objetos decorativos.", diz Luciana.

O primeiro achado foi um tambor antigo de máquina de lavar. Hoje, a mesa "Jour". Na primeira versão, criada por Luciana, tinha pés palitos e tampo de vidro. Na segunda, os pés foram substituídos por rodinhas e a luz entrou para dar mais vida à peça, qu ganhou até uma versão com luzes coloridas comandadas por controle remoto. Tudo ao gosto do freguês. "Quando criamos o Sótão, a ideia inicial era colocar luz em todas as peças para renovar as energias daqueles objetos mesmo.", explica Luciana. Não é à toa que quase todas as peças são luminárias. Umas feitas com tambor de máquina de lavar descartado; outras, com algumas das muitas latas de leite em pó consumidas pela sobrinha de Maria. Mas a mais inusitada, talvez, seja a luminária "Escotilha", que parece uma escotilha, comprada num mercado de pulgas em Paris.

Como qualquer coisa pode ser repaginada, as duas dividem o trabalho em duas linhas: a repaginação de móveis antigos e a de criação de novas peças. Para essas, a dupla já tem em suas mãos uma hélice de barco que vai virar uma mesa, um escapamento de carro, um filtro de óleo e muita imaginação. A dica, segundo Maria, é ir ao ferro-velho com espírito de caçador de tesouros.





Palestra do dia 13/08 na UVA Barra

FORUM SOBRE SUSTENTABILIDADE E DESIGN

No sábado do dia 13/08 aconteceu na UVA, campus Barra, um forum sobre Sustentabilidade e Design. Apresentado pela profa. Beatriz e intermediado por Túlio Mariante, da Novo Desenho, o forum teve como palestrantes Camilo Moreira e Rick Seabra.

Camilo Moreira, ex-estagiário de Sérgio Rodrigues e hoje designer e sócio da Ripa Design, falou sobre o reaproveitamento da madeira. Pegando vários tipos de madeira que acha nas ruas, como teca, imbuia, madeira de demolição, dentre outras, ele cria peças interessantíssimas que podem ser vistas e encomendadas no site http://www.ripadesign.wordpress.com/. De acordo com ele, "Antes de qualquer ideia do 'vamos reciclar', temos que amar a natureza e ter a ideia do que ela significa pra gente. Temos que ter a consciência de usar os recursos naturais sem degradar o meio ambiente e sem desperdiçar material; daí, vem a ideia do reaproveitamento."

 Banco Cubo, da Ripa Design

Já Rick Seabra, designer e ator, escreve suas peças baseada na 'Conscientização no Design Sustentável' e assim divulga sua mensagem. Para ele andam juntas a Ressonância (ecoar; transmitir), a Conscientização e a Reversibilidade. "Em cada indivíduo, temos que mudar o comportamento (modus operandi) e a atitude (postura). E é aí que o designer também pode atuar, o que causa a ressonância. A nossa função como designer é instruir o ser humano para que a Natureza volte a ser parte central de nossas vidas. Ouvimos muito falar sobre o desmatamento na Amazônia, mas nada sobre o replantio."
 



 

As três notáveis faces da cidade

ECLÉTICO, ART DÉCO e MODERNO: estilos que dão forma ao Rio

A matéria publicada no caderno MORAR BEM do jornal O GLOBO de hoje, dia 14 de agosto, domingo, fala sobre as misturas de estilos encontradas na cidade do Rio de Janeiro.

"Qual a cara do seu Rio? Moderna? Chique? Imponente?" Pelas ruas da cidade podemos encontrar uma diversidade de estilos arquitetônicos...e você sabe reconhecê-los e, até mesmo, admirá-los? Por acaso arriscaria qual o estilo mais encontrado no Rio? Há três que se destacam: eclético, art déco e modernismo, nessa ordem.

O modernismo, em terceiro, lembra Oscar Niemeyer, o Aterro, o MAM, a Casa das Canoas e o Palácio Gustavo Capanema, por exemplo.

 MAM

MODERNISMO: O edifício Nova Cintra (1948), integrante do Parque Guinle, em Laranjeiras, é reconhecido como o principal exemplo residencial de arquitetura modernista carioca. Pilotis e cobogós cerâmicos (que permitem a entrada de iluminação e ventilação) são algumas das características marcantes do estilo.




O art déco, em segundo, é o estilo que surgiu na Europa pós Primeira Guerra Mundial e que se fortaleceu por aqui nas décadas de 30 e 40. Tema, inclusive, de um congresso mundial que começa hoje e vai até o próximo domingo na cidade, esse estilo, marcado por fortes linhas geométricas e símbolo do moderno, do novo, é encontrado no Cristo Redentos, nos prédios da Praça do Lido, e em alguns prédios da Praia do Flamengo, como o Itaim e o Biarritz.

 Biarritz

ART DÉCO: O edifício Itaoca (1928), na Rua Duvivier, em Copacabana, é um dos representantes do estilo. entre as características, a fachada simétrica com cantos curvos e frisos horizontais e, na versão nacionalista, os apliques marajoaras no pórtico de entrada.



O ecletismo, em primeiro, é a mistura de elementos dos estilos anteriores, que faz com que a gente se depare com prédios tão diferentes (já que sua marca é o decorativismo das fachadas), como os castelinhos e casarões de Santa Teresa, os palácios Guanabara e Laranjeiras, ou o edifício Seabra, que tem em seus 12 andares elementos típicos de palacetes medievais misturados às venezianas Copacabana. O Centro é um dos bairros onde o estilo mais aparece, onde a Rio Branco é uma verdadeira 'festa de estilos', com o Teatro Municipal, o Museu Nacional de Belas Artes, a Biblioteca Nacional...

 Palácio Guanabara

 Teatro Municipal

ECLETISMO: Resultado da mistura de diferentes estilos, o ecletismo está representado no edifício Seabra (1931), na Praia do Flamengo. O prédio tem elementos toscanos (como os arcos de palácios italianos que se repetem em janelas e portais) e venezianas Copacabana (as que se projetam à frente, ao se abrirem).



Além disso, a cidade tem ainda exemplos do neo-clássico, do art-nouveau e até mesmo do bávaro. A arquitetura francesa trouxe grande influência do neo-clássico, com suas sucessões de arcos e uma platibanda que, além de esconder telhados, apresenta elementos como colunas e estátuas. O Rio vai do neocolonial ao modernismo. Na arquitetura carioca destaca-se o movimento simultâneo de diferentes estilos em determinadas épocas, ao contrário da Europa, onde os estilos têm períodos marcados.

Móveis Inteligentes

O sistema de móveis Atoll 202 foi desenvolvido por Giulio Manzoni, Pierluigi Colombo e R&S Clei para a italiana Clei. No Brasil, a representação da marca é da Mobili Intelligenti.

Vejam: um sofá de canto está ligado a uma cama escondida sob o painel na parede e pode ser articulado para se transformar em um lugar para dormir. O módulo 'Península', à direita, pode ser levantado para dar lugar à cama. A marca italiana Clei promete modificaçãoes dos móveis através de movimentos fáceis, simples e seguros. As estruturas do sistema Atoll 202 é feita com liga de alumínio.





E o móvel inteligente que, de home office, vira um quarto, não necessitado recolher os objetos das superfícies, facilitando o processo.




Além dos sitemas de móveis, há também peças independentes desenvolvidas pela italiana Clei, como o sofá abaixo que vira um beliche, onde a escadinha é integrada à estrutura principal do móvel.



Tudo isso você encontra no site http://www.resourcefurniture.com/. Muito interessante! Vale a pena conferir!